Anfitrião das estrelas

Ney Soares é um garçom e Maître vacariano que trabalhou durante muitos anos em São Paulo e lá, teve a oportunidade de servir celebridades nacionais e internacionais, colecionando momentos e experiências incríveis na profissão

01/11/2019 Especiais Carolina Padilha Alves Nelson Alves

Ney Correia Soares é um vacariano que descobriu o amor pela profissão que viria a desempenhar pelo resto da vida ainda muito cedo. Na década de 60, uma família gaúcha abriu uma churrascaria renomada em Mato Grosso do Sul e o levou para trabalhar lá, já que sua fama de assador de carnes aqui era muito boa.

A partir daí, sua saga no ramo da comida começou. Trabalhando como garçom em restaurantes e hotéis em algumas cidades e países vizinhos como Caxias, Porto Alegre, Chile e Paraguai, sua maior estada se deu em São Paulo capital, onde residiu por cinquenta anos e foi o local que lhe proporcionou uma lista enorme de clientes especiais.

Se tornou Maître no hotel Maksoud Plaza, que nos anos 80 e 90, era o hotel 5 estrelas mais requisitado do estado, já que disponibilizava mais de 1.200 funcionários de diversos setores para melhor atender a importante clientela que lá se hospedava. O Maître, nada mais é, do que o gerente do restaurante, que vai supervisionar o trabalho dos garçons, garantindo o melhor atendimento em qualquer estabelecimento alimentício.

 Na constelação de estrelas que passou por suas mesas desde o início de sua profissão, temos nomes como os pilotos Alain Prost e Ayrton Senna, o cantor Julio Iglesias,  a atriz Débora Bloch, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ator Miguel Falabella, o qual gostava muito de caipirinha e tirava fotos sempre com todo o pessoal da cozinha, entre tantos outros. Porém, o mais célebre e emblemático de todos foi Frank Sinatra.

“Frank ficou hospedado e fez show no salão de eventos do hotel, que cabiam 2500 pessoas, com ingressos que na época valiam 66 mil cruzados. Quem podia pagar esse valor era apenas a elite brasileira. Após os shows, ele vinha jantar, onde fomos proibidos de tirar fotos, apenas podíamos servi-lo. Era sempre cerca de 70 pessoas da sua equipe que jantavam junto, fora os seguranças que ficavam na sua volta. Muito querido, simpático e tranquilo, me deixou 300 dólares de gorjeta embaixo do prato”, recorda-se Ney.

Além de Maître, o conterrâneo se tornou Sommelier após fazer um curso, para também ser o profissional especializado em bebidas alcoólicas do local e poder indicar ao cliente qual a melhor harmonização. “Lembro que o vinho mais caro que tive o prazer de servir, foi o Château Petrus, que custa em torno de R$ 7.000 reais”, afirma.

Por se dedicar tanto tempo a esse trabalho, seu ciclo social acabava sendo os colegas do hotel, já que dormiam e acordavam no mesmo ambiente. Ney encarava cada dia como um desafio diferente, sempre servindo com bom humor, gentileza e colecionando o contato com personalidades famosas em sua memória.

Hoje com 66 anos, retornou a sua cidade natal para ficar ao lado de sua família e continua fazendo o que gosta no Restaurante Bortolon.

“Vejo São Paulo na televisão e sinto muita saudade. Ainda não me acostumei à vida de cidade pequena e, principalmente, ao frio. Mas agora estou aposentado e trabalho apenas de quarta a sábado, pois não consigo ficar parado”, comenta.

Ney, que já foi entrevistado e teve matéria publicada na Revista Gula, especializada em gastronomia, é mais uma personalidade vacariana que foi ao mundo, descobrir e ser descoberto, mas que retornou às origens depois de ter vivido incríveis experiências longe de casa.



 

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